22.9.08

Amar é... viver juntas todo e qualquer desafio que a vida trouxer.

O desafio de transformar os filhos em leitores preocupa muitos pais. Alguns deles se vêem perdidos, ao tentar convencer os pequenos a embarcarem numa viagem que, para falar a verdade, nem eles querem encaram.

Eu comprei essa briga há exatos 8 anos. E aprendi que a saída mais rápida não é a melhor. Essa é uma história que você precisa construir palavra por palavra.

Se você leu meu post anterior, sabe que a Louise aprendeu a identificar palavras cedo, mas isso está bem longe de ser leitura.

A Louise nasceu quando eu estava no primeiro ano da faculdade de Comunicação Social. Quando fui conversar com os professores sobre o período do resguardo, recebi todo apoio da maioria deles. Eu era boa aluna, poderia fazer os trabalhos e provas, sem ter que freqüentar as aulas por pelo menos um mês. Apenas uma professora, respondeu-me que o curso não era por correspondência e que ela queria me ver as sete da manhã, na primeira cadeira. Para piorar a situação, ela fumava como chaminé na sala de aula.

Eu tinha a alternativa de trancar um período, mas havia ainda outra questão. Era o último semestre de um currículo diferenciado, com sociologia, economia, história das artes... E, definitivamente, depois de um vestibular daqueles, eu não queria fazer uma faculdade com cara de curso técnico. Resolvi encarar. Resultado: a Louise nasceu em 18 de Julho, férias, em 5 de Agosto estávamos na sala de aula. A babá ficava com ela para eu fazer estágios e, á tardinha, quando chegava em casa, só queria ficar com meu bebê. Entretanto, tinham os trabalhos, as provas...
À noite, eu não me agüentava em pé e a minha filha parecia cheia de energia. Era colocar no berço e o berreiro começava. Eu precisava estudar, escrever e dormir. Afinal, acordava cinco e meia da manhã, para tirar leite do peito para ela se alimentar durante o dia, depois tinha que pegar os 2 ônibus até a sala de aula.

Em busca de uma solução para conseguir voltar à rotina de estudos, depois de um semestre exaustivo, resolvi colocar brinquedos ao redor dos livros. Ela se divertia ali, entre meus papéis. Comprei livros de tecido, que faziam barulho, com carinhas e ela ia se distraindo.

Aos três anos, ela rabiscava os exemplares, rasgava alguns. Segurei meu impulso de zelar pelo patrimônio da família, rsrsrs, e deixei que ela usasse os livros como quisesse.

Ela passou a gostar deles. De verdade. Esta semana, peguei a versão em inglês do livro da “Cachinhos de ouro e os três ursos”, que comprei para a Louise na época. Estava todo rabiscado, com algumas páginas coladas com fita adesiva. A Louise perguntou quem tinha feito aquilo. Eu expliquei que fora ela mesma. Ela abriu o livro com cuidado e pediu para que eu contasse a história de novo. Foi muito gostoso. Aquele livro faz parte da história dela mesma. Uma história que ela mesma vai contar um dia.

Nenhum comentário: