6.11.08

Curso para ser mãe

Galera, a Louise teve uma crise de ouvido daquelas. Como já fez uma cirurgia, estava com muita secreção, precisei cuidar com o dobro de atenção, medicamentos de hora em hora, mas ela já está bem.

Quando eu fui dar antitérmico para ela outro dia, perguntou:

_ Quem te mandou me dar esse remédio?

Eu falei que era para febre, que eu sempre cuidei dos meus irmãos e dela desde bebê e que ela podia ficar tranqüila.

Ela devolveu:

_Tem curso pra ser mãe?

Eu:

_ Não, a gente vai aprendendo com as situações, com o pediatra, com o que lê.

Ela finalizou:

_ Não vou ter filhos, então. rsrsrsrs

Trabalhar, cuidar da casa e de filho doente ninguém merece. Mulher tinha que receber prêmio Nobel! Com direito a SPA e salário em dobro...

Eu faço com muito prazer porque ela é a pessoa mais importante da minha vida! Só que eu estive tão cansada essa semana que nem meu nome eu lembrava mais. O dia escrevendo e editando vídeos, à noite, de hora em hora, com o remédio do homeopata... Ela vomitou muito também e o serviço de casa triplicou.

Eu sempre digo a minha filha que nosso cérebro tem "gavetas" e que quando lemos, a foto fica lá. Escutamos e a gravação fica lá. Vivemos e o filme fica lá. Assim, quanto mais sentidos usamos em um aprendizado, maiores as chances de achar esse material na "gaveta" quando chega a prova.

Agora que está um pouco melhor, me perguntou uma questão do livro de geografia e eu mandei que olhasse no material, porque estava cozinhando, com o cara consertando o interfone, perto da hora da escola, do trabalho e não dava para pensar, estava tudo cronometrado.

Ela respondeu:

_ Vc esqueceu a chave ontem, hoje não consegue pensar tudo, é melhor esvaziar suas “gavetas” porque está ficando difícil!

Engoli a seco.

Aí, saiu para a escola sem a mochila, brincando. Eu aproveitei:

_ Não está cabendo nada, esta semana, nas minhas “gavetas” porque tenho que me lembrar das suas coisas. Vai pra escola fazer o quê?

Ela voltou, pegou a mochila, sorriu sem-vergonha e me disse: Vc é a melhor mãe do mundo!

Valeu...

14.10.08

Trabalho

Esse é um blog para se falar em amor. Em como ter relações pessoais melhores. Estou fazendo um vídeo de homenagem aos 35 anos de dedicação de um funcionário a uma multinacional. Olhei ao redor e percebi que exige esforço gostar do que se faz. Muitas vezes têm-se motivos de fato para reclamar, contudo, gostar do que você está realizando faz toda a diferença na sua vida.

Uns dirão que é muito fácil dizer isso trabalhando na área em que me formei, fazendo o que gosto. A esses, respondo que entrevistei pessoas que fazem algo com o qual nunca sonharam, como varrer as calçadas, mas que têm uma postura positiva perante a vida e fazem a diferença entre os colegas.

Fazer um vídeo de 25, 30, 35 anos de atividade em uma mesma empresa leva-me a pensar sobre como nos relacionamos com a nossa atividade. Se vocë decide gostar do que faz, vai levar a vida com mais suavidade. Se vê utilidade na sua função, vai ser visto de forma diferente também.

Imagine passar 35 anos ao lado de alguém queixoso, que não gosta do que faz, do patrão, dos colegas. Infelizmente acostuma-se com tudo, como diria Cecília Meireles. Entretando, é no trabalhao que passamos a maior parte do dia, nele fazemos amigos, empenhamos nossas forças. O trabalho dignifica, permite que se exerça cidadania.

Fui buscar músicas e poemas sobre trabalho. Decepção.

LI VÁRIOS POEMAS E A MAIORIA TRAZ O TRABALHO COMO ALGO PESADO, INDESEJADO, RUIM. UMA HERANÇA, TALVEZ, DA COLONIZAÇÃO ESCRAVAGISTA.

TRABALHAR É DEDICAR TEMPO. FAZER O QUE GOSTA, SE POSSÍVEL, MAS DE TODA FORMA, FAZER HISTÓRIA: A SUA HISTÓRIA.

O poema abaixo estará aberto para votação no banco da cultura do overmundo a partir de quinta-feira. É o encerramento do meu vídeo. Quem gostar pode entrar no www.overmundo.com.br e votar. Abraços.

CIDADANIA,
O ALIMENTO DE CADA DIA,
CASA,
A ESCOLA DOS FILHOS ,
LAZER,
NOVOS SONHOS
NOVAS METAS...

SUOR, DESAFIOS, ANGÚSTIA,
SAUDADES
MUITAS VEZES SAUDADES

EMPREGO, EMPENHO,
DIA A DIA
A CONSTRUÇÃO DO NOSSO EU
O EU PROFISIONAL
E NÃO SOMENTE
NO TRABALHO SURGEM
AMIGOS, PARCEIROS, CUMPADRES,

NA LABUTA TRANSCORRE BOA PARTE DA NOSSA HISTORIA
GOTA A GOTA
OLHOS MAREJADOS DE EMOÇÃO,
ROSTO BANHADO DE SUOR,
DIA A DIA,
CONSTRUINDO...
HISTORIA
VIDA.

30.9.08

Sobre chefs, estudantes, professores e pessoas

A revista eletrônica de domingo na Rede Globo, o Fantástico, exibiu uma matéria sobre professores que foram agredidos por alunos. Nos dois casos, as agressões foram sérias e os profissionais internados. Exemplos extremos de bullying. Um mal tão comum e pouco combatido.

Aliás, não é combatido porque a maioria de nós não sabe o modo certo de conviver com os outros. Desenvolver respeito às diferenças leva tempo e requer esforço e autodomínio. Não é a toa que na lista dos 10 medicamentos mais vendidos no país, a grande maioria seja drogas de comportamento: calmantes, antidepressivos etc.

Bom, há menos de um mês um adolescente chamado Samuel morreu por levar tapas e socos na cabeça. O motivo: os colegas não gostaram do corte de cabelo do garoto. Infelizmente, quando as histórias chegam a pontos extremos é que paramos para pensar.

Algumas cenas de bullying, nos corredores dos colégios, passam aos olhos dos adultos “responsáveis” como “apenas” brincadeiras sem graça, sem grandes conseqüências. Desse modo, a criança ou adolescente constrangido, assume sozinho a tristeza por ser obrigado a freqüentar um ambiente hostil, onde deveria haver espaço para aprendizagem e crescimento.

Na roda dos meninos, a vítima sofre com apelidos, palavrões, referência maldosa à família, violência física. O que foi claro no caso do Samuel, citado acima. No colégio, os funcionários disseram que Samuel era tímido, quieto e educado. Em casa, os pais afirmaram que o garoto não contou nada sobre o ocorrido.

Muitas vítimas do bullying não reclamam sobre a violência com pais e professores com medo de represálias. De fato, se um pai, mãe, criança ou professor resolver encarar a questão, pode ter problemas. Os mestres entrevistados pelo Fantástico que o digam! A questão é: enquanto todos não se unirem para combater o problema que já existe e para criar outra mentalidade nas crianças desde cedo, a situação não se alterará. Não dá para ficar pensando que enquanto não é com você tudo bem!

Contudo, será que estamos, de fato, preparados para ensinar isso aos nossos filhos? Preparados para aprender isso?

Entre as meninas, o bullying é mais camuflado. A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva explica que neste grupo, a violência é mais elaborada. As pré-adolescentes isolam uma garota, disseminam mentiras na internet, enviam torpedos com insultos que jogam qualquer auto-estima lá no chão.

Agora: Em quantas empresas você não assiste sabotagem semelhante? Quantas pessoas você conhece que não sabem lidar com a competitividade de forma saudável?

O conselho da especialista: reúnam provas do bullying e lutem em conjunto para vencer o mau.

Ótimo.

Entretanto, na prática, estamos ainda no início da caminhada pela construção de uma sociedade mais tolerante. Aliás, toleramos o mau e não toleramos as diferenças que nos tornam únicos.

Por favor, ensinem aos seus filhos que o amor constrói. Que unindo ponto de vistas diferentes, fazemos um trabalho melhor. Que redes de relacionamentos não são caderninhos interesseiros com o nome e telefone de quem pode nos prestar favores. Que relacionamento é olhar nos olhos, é escutar com a alma, é caminhar juntos e estar sempre disposto a dar.

Como a minha mãe dizia: “Amor com amor se paga”. A caminhada é mais longa, os valores requerem mais autocontrole, mais disciplina para se arraigarem, mas os frutos são mais saborosos.

Ver um garoto desesperado atirar numa turma inteira e cometer suicídio é o fundo do poço.

Hoje de manhã, assisti com minha filha de 8 anos, como habitualmente, ao “Mais você”. Vi o desespero de Leoni, uma garota simples, brava, lutadora, ao ouvir, incrédula, que tinha vencido uma votação popular e que continuava na disputa pelo chapéu de Super Chef. Minutos depois de sair chorando como a vencedora, Leoni pediu para deixar o programa. Ana Maria Braga cobrou, no ar, que ela tivesse mais consideração, porque se o pedido para sair tivesse sido feito antes, a outra concorrente permaneceria na disputa. Leoni simplesmente não acreditava que pudesse ficar. Ela nem acreditou ao ouvir isso da boca da apresentadora. E sua luta não era mais por mostrar habilidades na cozinha. O grupo, certo de seu apelo popular, tratava Leoni de forma diferente. Alguns eram claros. Foram ao limite do que não ficaria feio dizer e fazer em um programa nacional. Imagino, com muita dó, a pressão que essa menina enfrentou e espero que ela aprenda a conviver melhor com os outros, sinceramente, mas isso não justifica o comportamento de exclusão do grupo.

Gosto muito do reality porque ele ensina bastante a quem está em casa, valoriza uma profissão e cumpre o papel de entreter. Queria eu, apenas, que todos os participantes _ e alguns estão_ estivessem lá aprendendo, ensinando, trocando, divertindo-se e, principalmente, fazendo dos concorrentes, amigos, sócios, parceiros para a vida fora da caixa preta.

Não acredito numa mudança rápida na escola, no trabalho, nos realitys - que nada mais fazem, senão esfregar na nossa cara o jogo da vida real - mas começar com nossos filhos,vai fazer com que eles sejam pessoas melhores que nós.

24.9.08

Sobre palavras

Quando estou conversando com uma amiga muito achegada ou com a Louise, em que posso descer do salto de jornalista, encerro algumas frases com sotaque e jeitinho bem mineiro. Só para você entender:

_ Louise, desabotoa primeiro que é mais fácil, boba!

Ontem, ela respondeu:

_ Pára de me chamar de boba porque eu vou acreditar.

Eu retruquei:

_E você vai ser o que as pessoas disserem, facilmente, assim?

Ao que ela, rapidamente, devolveu:

_ As pessoas não, mas você sim.

Ok. Um a zero para ela. Expliquei que é só um jeito de falar, mas que vou tentar não usar, se a incomoda.Na hora, lembrei de um livro que a amiga Márcia Costa, apresentadora de um programa de televisão, emprestou-me certa vez. “O poder da palavra dos pais”, de Elizabeth Pimentel.

Louise, como a maioria das crianças, (cá entre nós, adultos também) recebe muito bem os elogios. Para que ela continuasse a fazer algo, eu soltava:
_ Que desenho bonito!
_ Que mesa bem arrumada!
_ Que nota boa!

Minha irmã, Cristiane, toca muito bem piano. Estudamos juntas no Conservatório, mas não chego nem perto da habilidade e do ouvido dela e, para falar a verdade, nunca me esforcei para isso. Em dezembro, estava na TV Alterosa, SBT, em Juiz de Fora, Minas Gerais. A Louise passou um tempo com a Cristiane. Eu cheguei em casa e ela já estava tocando "Lady", de Lionel Richie, uma canção que eu vivia cantarolando. Fez isso porque eu gosto da música e com a ajuda da Cris, óbvio!

Eu elogiei, beijei, abracei e ela ficou se achando. Tocou Lady mais algumas vezes e deixou para lá. Minha mãe deu um teclado para ela e, já no Rio de Janeiro, longe das mãos de fada da tia Cris, eu fui ensinar outras músicas. Ter que se esforçar para ler partitura, aprender a posicionar as mãos começava a ficar chato e minha filha não queria mais tocar...

Fiquei pensando em como fazer para que a Louise não fosse acomodada... Uma reclamação de tantos pais... Achei um texto na revista Viver Mente e Cérebro interessantíssimo e, inclusive, li para a Louise.

Fala que crianças mais esforçadas costumar ir mais longe que as mais inteligentes. A foto era de uma criança tentando pegar algo no alto.

Com esse texto, me dei conta de que nós desvalorizamos nossos elogios. Outro comentário da Louise confirmou isso:
_ Mãe, meu cabelo está bonito?
_Lindo, querida!
_ Ah, você sempre diz isso...Para mãe a gente sempre é linda!

Aprendi naquele artigo o poder de um elogio em motivar qualidades e não o ego das crianças. A matéria dizia que devemos elogiar o caminho percorrido pelo pequeno para chegar ao que nos agradou.

Troquei os elogios citados no início deste texto. Substituí por:
_Como coloriu bem esse desenho! Fez com muita calma e capricho, parabéns!
_Que mesa linda! Você colocou os pratos e talheres com muita atenção!
_Que bom, você superou o desafio da prova de geografia. Isso mostra que se esforçou.

Olha, a mudança é quase instantânea. A Criança repete o comportamento que gerou o elogio e desenvolve uma postura diferente. Esses dias, pedi à Louise para pegar o chocolate para fazer um bolo. Estava bem no alto. Ela não reclamou. Tenho certeza de que lembrou do texto e da foto nele, porque me respondeu:
_ Vou buscar a cadeira porque criança esforçada vai mais longe!
Agora espero que o efeito chegue ao teclado na sala de estar...

23.9.08

A óbvia "Pedagogia do amor" para os pais

As noites de domingo se transformaram em consultórios de psicologia para muitos pais e mães que conheço. O quadro do Fantástico sobre jovens "rebeldes", que segue a linha Super Nanny do SBT, causa idendificação entre responsáveis que já não sabem o que fazer com seus filhos.

A verdade é que em todos os casos apresentados, mudanças de postura dos pais provocam reações nos filhos. Então a questão é: O que eu posso mudar em mim e nos meus atos diários que pode alterar a visão de mundo do meu filho?

No último domingo, o comportamento de um menino de 12 anos mudou radicalmente quando os pais deixaram de tratá-lo como um bebê indefeso. Essa atitude era fruto de uma doença que o garoto teve na primeira infância. Resultado: os anos passaram e os pais continuaram tratando o jovem saudável como incapaz. Ele se tornou mimado e insuportável até mesmo para eles.

O filho mais velho deste mesmo casal, chamava atenção bebendo demais e se rebelando contra tudo. A orientação da psicóloga: a mãe dava atenção demais a tudo que o rapaz fazia e cada passo era um drama. O menino disse que não gostava de conversar com os pais porque só escutava cobrança. Um abraço, uma conversa e uma boa mudança de comportamento mudaram a vida dos pais e do casal de filhos.

Essa matéria de domingo lembrou-me a "Pedagogia do amor" de Gabriel Chalita, em que fala a respeito de professores e educadores ensinarem por amor e com amor. Um desafio com o salário, a rotina pesada e as salas lotadas com as quais convivem diariamente.

Parece óbvio, mas meu post de hoje é para "pregar" a "Pedagogia do amor dos pais". Como diz um excelente psicólogo que conheço, João Carlos Correia, muitas vezes "é o óbvio que deixamos de fazer". Isso mesmo. Em muitos casos, o excesso de trabalho, a rotina corrida, problemas de saúde roubam o bom humor, a simpatia e a cordialidade do lar. Alguém já ouviu dizer que você trata melhor seus clientes que seus filhos? E quem são as pessoas mais importantes para você? Tá certo: Quem é que nunca chegou em casa morrendo de raiva do chefe e entrou batendo os pés que atire a primeira pedra.

Só que o lar é a primeira e mais forte referência de mundo que as crianças têm. Dizer obrigada, com licença, um abraço, um beijo, sentar para fazer o dever juntos quando a criança não entendeu, olhar para ela quando estiver falando, fazem a diferença. E olha que não é fácil!

Outro dia estava pensativa e não escutei o que a Louise dizia e ela reclamou. Era importante para ela. Resolvi prestar atenção em como ouvia e percebi que muitas vezes nós falamos com o outro digitando, cozinhando, correndo, conversando com duas pessoas ao mesmo tempo. E ninguém se sente respeitado de verdade. Claro que tive que fazer muitas mudanças. Ela chama "mãe!" a cada 5 minutos e eu expliquei que se tivesse que parar toda hora, não faria mais nada. Então, quando fosse algo realmente importante, que ela dissesse: "Mãe, quero conversar".

Continuo fazendo 1001 coisas enquanto ela conta a rotina da escola, comenta uma música ou uma brincadeira nova, mas quando ela diz que quer conversar, paro, sento e não atendo o celular. A conversa nem sempre é coisa séria _ ela tem 8 anos _ o conceito de coisa séria para mim é bem diferente! É alguém implicando na escola, algo que ela não deu conta de copiar do quadro e precisa de ajuda para entender, uma moda nova do cabelo... Só que aquele tempo é dela. Depois volto a fazer minhas coisas.

Minha mãe era muito boa em educação e sempre dizia que "Amor com Amor se paga". Ontem tive meu salário. Eram onze e meia e estava morta, estudando História porque a Louise tem prova hoje. Ela me enrolou de todos os jeitos, já que não é muito fã de ficar decorando datas. Por fim, eu disse:

_ Vamos dormir, já passou da hora, amanhã, de manhã, você termina.

A Louise foi reclamando de que ela iria levantar tarde na manhã seguinte porque "para prova de história só uma noite de descanso não é suficiente". É mole?!!!
Ela olhou para mim, que já fiz cara de poucos amigos, recolheu os livros da minha cama, caminhou para a cama dela quando, subitamente, voltou.

Pediu para eu deitar, pegou o edredon, cobriu-me até o pescoço, deu um beijo, cantou a música que eu canto para ela desde bebê, mandou eu dormir com Deus e sonhar com os anjos, fez uma oração, levantou e foi para a cama. No caminho, ela sussurrou:

_ Ela fez isso para mim todo dia, pode ter uma noite de bebê também.

Eu não aguentei e dei uma gargalhada.

Mas foi a noite em que melhor dormi nos últimos dias.

Minha mãe estava certa: "Amor com Amor se paga" e a Louise está aprendendo isso também.

22.9.08

Amar é... vencer o mau humor e tornar a vida mais divertida



A Caminhada

Eu ganhei uns quilos ultimamente e resolvi começar a caminhar. Não dá para sair e deixar a Louise em casa, então tentei convencê-la a ir para a praia comigo. Às sete da manhã, tirá-la da cama é praticamente um milagre. Ela resmungou, reclamou, disse que era de madrugada, que precisava de meia hora para se esticar... Não queria sair da cama. Fiquei brava. Levanta, lava o rosto e estou te esperando para tomar café e não vou repetir, hein!
Muito, mas muito mal humorada, ela se arrastou atrás de mim.
Na praia, ela reclamou que não ia andar, que estava cansada, que era muito longe. Eu já tinha perdido meu bom humor natural, mas resolvi que ela não iria estragar o dia. Agora era o meu desafio fazer com que ela gostasse daquilo.

Apontei para um parque n o fim da nossa trajetória e falei:
_Se andar comigo até lá, pode brincar no parque por meia hora.
Se for reclamando, vou reclamar no parque, se for caminhando, vou brincar com vc lá. Tudo bem?

Deu certo.

Caminhamos num ritmo que ela agüentava. Brincamos no parque, nos molhamos nas duchas, fizemos novos amigos e voltamos para casa para fazer os deveres, almoçar e ir para a escola.

Já pensava que iria enfrentar outra batalha para que ela levantasse na manhã da próxima caminhada, mas um telefonema me surpreendeu:




Era a Louise ao telefone:

_ Vó, amanhã vou caminhar com a minha mãe!

Um excelente prêmio para que eu aprendesse definitivamente a não cair no jogo do ciclo do mau humor. Controlar o meu temperamento quando ela já me sugou e mostrar que felicidade somos nós quem construímos.

Amar é... ensiná-los a fazer boas escolhas

Só que à medida que os anos passaram, as opções de diversão aumentaram. Na escola, todo mundo fala do vídeo-game, do High School Music, da PUCA, dos Rebeldes… Tudo bem, vamos ao teatro, ao cinema, mas como colocar o livro como um concorrente a altura numa cultura audiovisual tão forte?

Aos sete anos de idade, Louise passou 6 meses sem televisão. Íamos ao teatro, às livrarias, parques, praia. Assistíamos a filmes no DVD uma vez por semana... Nas outras noites, deitávamos lado a lado na cama, cada uma com seu livro. Ela leu “O menino do dedo verde”, “Bisa Bia Bisa Bel”, “As mil e uma noites”, “O Reizinho mandão”, “O menino que quase morreu afogado no lixo”, “Flor de maio”...

Hoje, a televisão já faz parte da nossa rotina novamente, graças à vovó que não resiste e fez questão de colocar a TV a cabo. Só que agora imprimimos as programações e escolhemos juntas que canal ela vai assistir e qual o melhor programa daquela manhã. Dois desenhos são a cota máxima. E temos opções boas no Futura, na Cultura, na TV Brasil.

O detalhe é: a família precisa viver os desafios junto com as crianças. Não adianta mandar ler e continuar em frente à televisão. Nem adianta alienar e cortar totalmente as outras diversões. O negócio é ensiná-los a fazer boas escolhas, estabelecer limites e apresentar a leitura como diversão e não obrigação. Descobrir os gostos, incitar a curiosidade. Dá muito trabalho, muito mesmo. Muitas vezes a gente acha que não vai dar certo, muitas vezes dormimos cansados no meio das histórias, mas não me esqueço de que nosso amor é proporcional ao tempo que dedicamos e eles sentem isso.

Amar é... viver juntas todo e qualquer desafio que a vida trouxer.

O desafio de transformar os filhos em leitores preocupa muitos pais. Alguns deles se vêem perdidos, ao tentar convencer os pequenos a embarcarem numa viagem que, para falar a verdade, nem eles querem encaram.

Eu comprei essa briga há exatos 8 anos. E aprendi que a saída mais rápida não é a melhor. Essa é uma história que você precisa construir palavra por palavra.

Se você leu meu post anterior, sabe que a Louise aprendeu a identificar palavras cedo, mas isso está bem longe de ser leitura.

A Louise nasceu quando eu estava no primeiro ano da faculdade de Comunicação Social. Quando fui conversar com os professores sobre o período do resguardo, recebi todo apoio da maioria deles. Eu era boa aluna, poderia fazer os trabalhos e provas, sem ter que freqüentar as aulas por pelo menos um mês. Apenas uma professora, respondeu-me que o curso não era por correspondência e que ela queria me ver as sete da manhã, na primeira cadeira. Para piorar a situação, ela fumava como chaminé na sala de aula.

Eu tinha a alternativa de trancar um período, mas havia ainda outra questão. Era o último semestre de um currículo diferenciado, com sociologia, economia, história das artes... E, definitivamente, depois de um vestibular daqueles, eu não queria fazer uma faculdade com cara de curso técnico. Resolvi encarar. Resultado: a Louise nasceu em 18 de Julho, férias, em 5 de Agosto estávamos na sala de aula. A babá ficava com ela para eu fazer estágios e, á tardinha, quando chegava em casa, só queria ficar com meu bebê. Entretanto, tinham os trabalhos, as provas...
À noite, eu não me agüentava em pé e a minha filha parecia cheia de energia. Era colocar no berço e o berreiro começava. Eu precisava estudar, escrever e dormir. Afinal, acordava cinco e meia da manhã, para tirar leite do peito para ela se alimentar durante o dia, depois tinha que pegar os 2 ônibus até a sala de aula.

Em busca de uma solução para conseguir voltar à rotina de estudos, depois de um semestre exaustivo, resolvi colocar brinquedos ao redor dos livros. Ela se divertia ali, entre meus papéis. Comprei livros de tecido, que faziam barulho, com carinhas e ela ia se distraindo.

Aos três anos, ela rabiscava os exemplares, rasgava alguns. Segurei meu impulso de zelar pelo patrimônio da família, rsrsrs, e deixei que ela usasse os livros como quisesse.

Ela passou a gostar deles. De verdade. Esta semana, peguei a versão em inglês do livro da “Cachinhos de ouro e os três ursos”, que comprei para a Louise na época. Estava todo rabiscado, com algumas páginas coladas com fita adesiva. A Louise perguntou quem tinha feito aquilo. Eu expliquei que fora ela mesma. Ela abriu o livro com cuidado e pediu para que eu contasse a história de novo. Foi muito gostoso. Aquele livro faz parte da história dela mesma. Uma história que ela mesma vai contar um dia.

Amar é... dar ferramentas para que eles se construam

Uma casa às avessas

Quando eu fiquei grávida, comecei, como todas as mães do mundo, a preparar a casa para o novo ser que crescia dentro de mim. E que fase gostosa! Berço, roupinhas, uma poltrona para amamentar, o bico do peito para amamentar bem depois. Só um detalhe não era, digamos, normal. Escrevi o nome dela na porta do quarto e o de cada objeto. Para você entender, cadeira, mesa, guarda-roupa, berço, ficaram meses identificados.

Ali, no silencio da palavra, sem apontar ou ficar no b com a, BA, os olhinhos da minha pequena Louise foram se acostumando a casar os sons aos símbolos. Resultado, muito cedo começou a identificar, fora de casa, as palavras com as quais estava habituada ou os sons parecidos. Em uma placa de concessionária apontava:

_ Olha, igual a letra de cama...

_ É, mas com aquelas outras letras, a palavra ali é Carro...

Assim, gravei minha menina com menos de 2 anos de idade, já buscando as palavras sozinha. Para mim, isso não seria vantagem se eu tivesse “forçado a barra” com ela, mas ver que manter um ambiente estimulante dava resultados, me incentivou a fazer mais.

29.8.08

Amar é... montar uma horta para eles aprenderem a esperar


*Imagem casa do pequeno davi

"Amar é..." aprender primeiros socorros


"Amar é... não enlouquecer mesmo tendo motivos de sobra pra isso.

*Imagem de Trabalhonota10.com

Amar é... comemorar cada pequena conquista



*Imagem de Funnypart

Amar é... mostrar que é humano, mesmo querendo ser perfeita

*Imagem de renatoils@gmail.com.br

Amar é... resistir ao chocolate para ele não ter cólicas


*Imagem do Blog da Tayê

Amar é... contar centenas de vezes as mesmas estórias



*Imagem de bichosdoslivros.sapo.no.pt

Amar é... passar o fim de semana ensolarado estudando para prova com seu filhote


*Imagem de marcelosoares.com.br

AMAR É...ESTUDAR DE NOVO PARA AJUDAR NA LIÇÃO DE CASA


Imagem de campanha do Governo do Estado do Rio de Janeiro