23.9.08

A óbvia "Pedagogia do amor" para os pais

As noites de domingo se transformaram em consultórios de psicologia para muitos pais e mães que conheço. O quadro do Fantástico sobre jovens "rebeldes", que segue a linha Super Nanny do SBT, causa idendificação entre responsáveis que já não sabem o que fazer com seus filhos.

A verdade é que em todos os casos apresentados, mudanças de postura dos pais provocam reações nos filhos. Então a questão é: O que eu posso mudar em mim e nos meus atos diários que pode alterar a visão de mundo do meu filho?

No último domingo, o comportamento de um menino de 12 anos mudou radicalmente quando os pais deixaram de tratá-lo como um bebê indefeso. Essa atitude era fruto de uma doença que o garoto teve na primeira infância. Resultado: os anos passaram e os pais continuaram tratando o jovem saudável como incapaz. Ele se tornou mimado e insuportável até mesmo para eles.

O filho mais velho deste mesmo casal, chamava atenção bebendo demais e se rebelando contra tudo. A orientação da psicóloga: a mãe dava atenção demais a tudo que o rapaz fazia e cada passo era um drama. O menino disse que não gostava de conversar com os pais porque só escutava cobrança. Um abraço, uma conversa e uma boa mudança de comportamento mudaram a vida dos pais e do casal de filhos.

Essa matéria de domingo lembrou-me a "Pedagogia do amor" de Gabriel Chalita, em que fala a respeito de professores e educadores ensinarem por amor e com amor. Um desafio com o salário, a rotina pesada e as salas lotadas com as quais convivem diariamente.

Parece óbvio, mas meu post de hoje é para "pregar" a "Pedagogia do amor dos pais". Como diz um excelente psicólogo que conheço, João Carlos Correia, muitas vezes "é o óbvio que deixamos de fazer". Isso mesmo. Em muitos casos, o excesso de trabalho, a rotina corrida, problemas de saúde roubam o bom humor, a simpatia e a cordialidade do lar. Alguém já ouviu dizer que você trata melhor seus clientes que seus filhos? E quem são as pessoas mais importantes para você? Tá certo: Quem é que nunca chegou em casa morrendo de raiva do chefe e entrou batendo os pés que atire a primeira pedra.

Só que o lar é a primeira e mais forte referência de mundo que as crianças têm. Dizer obrigada, com licença, um abraço, um beijo, sentar para fazer o dever juntos quando a criança não entendeu, olhar para ela quando estiver falando, fazem a diferença. E olha que não é fácil!

Outro dia estava pensativa e não escutei o que a Louise dizia e ela reclamou. Era importante para ela. Resolvi prestar atenção em como ouvia e percebi que muitas vezes nós falamos com o outro digitando, cozinhando, correndo, conversando com duas pessoas ao mesmo tempo. E ninguém se sente respeitado de verdade. Claro que tive que fazer muitas mudanças. Ela chama "mãe!" a cada 5 minutos e eu expliquei que se tivesse que parar toda hora, não faria mais nada. Então, quando fosse algo realmente importante, que ela dissesse: "Mãe, quero conversar".

Continuo fazendo 1001 coisas enquanto ela conta a rotina da escola, comenta uma música ou uma brincadeira nova, mas quando ela diz que quer conversar, paro, sento e não atendo o celular. A conversa nem sempre é coisa séria _ ela tem 8 anos _ o conceito de coisa séria para mim é bem diferente! É alguém implicando na escola, algo que ela não deu conta de copiar do quadro e precisa de ajuda para entender, uma moda nova do cabelo... Só que aquele tempo é dela. Depois volto a fazer minhas coisas.

Minha mãe era muito boa em educação e sempre dizia que "Amor com Amor se paga". Ontem tive meu salário. Eram onze e meia e estava morta, estudando História porque a Louise tem prova hoje. Ela me enrolou de todos os jeitos, já que não é muito fã de ficar decorando datas. Por fim, eu disse:

_ Vamos dormir, já passou da hora, amanhã, de manhã, você termina.

A Louise foi reclamando de que ela iria levantar tarde na manhã seguinte porque "para prova de história só uma noite de descanso não é suficiente". É mole?!!!
Ela olhou para mim, que já fiz cara de poucos amigos, recolheu os livros da minha cama, caminhou para a cama dela quando, subitamente, voltou.

Pediu para eu deitar, pegou o edredon, cobriu-me até o pescoço, deu um beijo, cantou a música que eu canto para ela desde bebê, mandou eu dormir com Deus e sonhar com os anjos, fez uma oração, levantou e foi para a cama. No caminho, ela sussurrou:

_ Ela fez isso para mim todo dia, pode ter uma noite de bebê também.

Eu não aguentei e dei uma gargalhada.

Mas foi a noite em que melhor dormi nos últimos dias.

Minha mãe estava certa: "Amor com Amor se paga" e a Louise está aprendendo isso também.

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